segunda-feira, 8 de março de 2010

Ouvido consciente.

Você tem consciência das suas atitudes? Sempre que fizermos algo devemos ter certeza das conseqüências que podem trazer para nossa vida. Coisas más ou boas, tudo vai depender da intenção, porque não podemos cair dentro de um buraco pelo simples fato de cair sem nenhum motivo lógico para tal loucura. Ao ouvir uma música devemos tomar o cuidado de sempre saber o que estamos ouvindo como sua origem, compositor, melodia, e o mais importante, a letra. Após fazermos uma analise, poderemos avaliar a qualidade da musica que estamos ouvindo. Fazendo isso, poderemos contribuir para melhorar, cada vez mais, a qualidade da indústria fonográfica do Brasil bem como com a formação da identidade musical do nosso povo.

Sabemos que vivemos em um país onde tudo vira moda. A quem devemos isso? Devemos à mídia que usa os meios de comunicação para manipular todas as tendências do mercado consumidor. A música, tratada como um produto, não é diferente, pois é conduzida conforme as Tvs e Rádios querem, e muitas vezes não são analisadas quanto ao seu conteúdo. Faz-se necessário observar essas características para que o papel social que compete a musica não se perda. Podemos analisar vários exemplos, mas no momento, usaremos o Funk como base de nossa reflexão.

O Funk, também conhecido como soul funk ou funk de raíz, é um estilo bem característico da música negra norte-americana, desenvolvido a partir de meados dos anos 60 por artistas como James Brown e por seus músicos, especialmente Marceo Parker e Melvin Parker, a partir de uma mistura de soul music, soul jazz, rock psicodélico e R&ampB.

Os músicos primeiramente chamavam de funk a música com um ritmo mais suave, pois a essência da expressão musical tem suas raízes no espiritual, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Caracteristicas que podem ser observadas na música contemporânea, da qual o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. Esta forma estabeleceu o padrão para músicos posteriores que desenvolveram músicas com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas, que podem ser chamado de riffs, e principalmente dançante. O estilo reconhecido por seu ritmo sincopado, acobou influenciando, nos anos 70, os músicos de jazz como Miles Davis, Herbie Hancock, George Duke, Eddie Harris, entre outros. Nos anos 80 o funk tradicional perdeu um pouco da popularidade nos EUA, à medida em que as bandas se tornavam mais comerciais aderindo aos batidos eletrônicos. Seus derivados como o rap e o hip hop começaram a se espalhar com bandas como Sugarhill Gang e Soulsonic Forceem em parceria com Afrika Bambaataa. A partir do final dos anos 80, com a disseminação dos samplers, partes de antigos sucessos do funk, principalmente dos vocais de James Brown, começaram a ser copiados para outras músicas pelo novo fenômeno das pistas de dança, a house music. Nesta época surgiram também algumas derivações do funk como o Miami Bass, DEF, e a ramificação latina da Freestyle Music conhecida no Brasil como Funk Melody. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos Break e Hip Hop. Também no mesmo ano surge o chamado Funk-Metal, conhecido como funk rock, uma fusão entre guitarras distorcidas de heavy-metal ou rock e a batida do funk, em grupos como Red Hot Chili Peppers e Faith No More.
Podemos perceber que todas as variantes ao mundo comercial, levaram a verdadeira essência do Funk a perder seu espaço e ter características diferentes para se adequar ao mundo comercial. Hoje no Brasil temos o Funk Carioca, emergido de umas das ramificações do funk norte-americano, que abusa de suas características como a sexualidade, a qual é tratada de forma explícita e vulgar nas rádios e TVs. Essa musica invade nossas casas sem percebermos, e acabamos entregando nossos valores no momento em que passamos a ser consumidores desse produto.
O Funk foi apenas um, de vários estilos musicais que poderíamos citar neste texto, mas através desta iniciativa, poderemos refletir melhor sobre o conteúdo da música brasileira e nos permitir novas experiências em analisar aquilo que nos é proposto pelos veículos de comunicação, pois não existe um manual dizendo qual musical é a mais apropriada para ouvirmos, mas podemos desenvolver um ouvido consciente para selecionar aquilo que faz bem para nossa vida.

Aglailson S. França
 Fonte Bibliográfica:
http://funk-brasil.blogspot.com/

Música - Artes - Brasil Escola

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